domingo, 4 de agosto de 2013

Crianças nascem já atualizadas com a tecnologia (Elianete Vieira)

1990 - Mariana procura pelo controle remoto da TV.
Sua mãe e tia estão descobrindo o uso do computador depois de estarem formadas e já são profissionais. Não nasceram com mouse nas mãos e estranham o "objeto".
Mas a menina de 2 anos encara um controle remoto para TV e outro para o vídeo cassete com naturalidade. As mãozinhas mal conseguem segurar o peso dos objetos, mas ela se vira tranquilamente.
A tia “dinda”, precavida, montou um similar colorido com Lego.
Mariana vai até o videocassete e empurra a fita previamente colocada. Em seguida, sobe no sofá com dificuldade pois é alto para ela, pega seu "controle" colorido e aperta um botão apontando para a TV para assistir seu desenho preferido.
A tia disfarça e pressiona um botão no controle verdadeiro. A pequena acredita que está controlando a TV. E ali fica assistindo a mesma história por horas, pois ao terminar grita “maix, maix” ou ainda “de novo, de novo” como aprendeu com o Baby Sauro.


2013 - Dani nasceu num mundo tecnológico, onde vidros "sentem" o toque de um dedo e executam uma ação. Onde celulares fazem fotos, tocam música, executam jogos e outros aplicativos, são usados como TV e até fazem ligações telefônicas.
A tia bate uma foto da menina enquanto brinca com a irmã Bia, que ainda sorrindo diz "qué vê, tia" e eleva as mãozinhas querendo pegar a câmera. A tia mostra fotos para ela que, com toda naturalidade e inocência dos 2 anos, fecha a mãozinha deixando o dedinho apontador em risque e o leva à câmera deslizando-o de um lado para outro. 
“Mas que esperta! A danadinha já sabe usar tablet e pensa que todas telas são touch” pensa a tia já entendendo o que ela pretende. 
Discretamente pressiona o botão que permite avançar ou retroceder fotos observando a satisfação da pequena sabida.
E assim, as três, veem as fotos da Festa Junina. Esta sim, tradicional como as festas de antigamente. 
E o dedinho? Continua deslizando na tela da câmera, para lá e para cá...


Como será daqui a 20 anos, quando essa baixinha estiver com sua filha revendo fotos ou assistindo filme, ou ainda, fazendo alguma outra coisa mais moderna nos tempos Jetsons?


Elianete Vieira

2 comentários:

  1. O tempo passa, as ferramentas mudam, mas as sensações, os sentimentos seguem os mesmos.
    Ainda bem!

    Uma bela reflexão Elianete. Parabéns.

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  2. Digo que toda a reflexão é maravilhosamente concisa nas palavras do Tiago, apesar de ser uma reflexão tão vívida que nem é mais reflexão, é o dia a dia e nem se reflexiona sobre isso.

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