Escrevo em jornais e blogs literários sobre vários assuntos, mas o que se destaca é Religião. Também publiquei um livro, chamado “Teofania”, que mostra as origens da crença no sobrenatural e seu desenvolvimento até os dias atuais. Desde então, tenho recebido muitas críticas favoráveis e, como não podia deixa de ser, algumas não muito educadas e alertas de que meu destino será arder no fogo do inferno.
Nunca procuro ofender a fé de ninguém; apoio que cada um creia em seu Deus da forma que lhe convém, contanto que não use sua fé para fins nocivos. Apenas questiono certas verdades e aponto para os problemas causados pela religião, que não são poucos.
O que me levou a escrever sobre religião foi a constatação de que, se por um lado ela traz benefícios – prega a solidariedade, traz consolo, esperança por dias melhores, etc. – por outro tem causado no curso dos séculos, dor, morte e sofrimento. O problema é que os dois livros religiosos mais importantes, Bíblia e Alcorão, embora contenham mensagens de amor e paz, também legitimam guerras, assassinatos e violência contra os que não se submetem à autoridade divina. Esses livros, nas mãos erradas, são pura dinamite.
Se as religiões somente ensinassem o amor, a caridade e o perdão, ninguém estaria escrevendo contra elas. Mas elas também ensinam a odiar e a matar. E é por isso que de umas décadas para cá, surgiram muitos autores alertando para os perigos da fé irracional e cega.
As maiores vítimas da doutrina religiosa são em primeiro lugar...
... As crianças. O menino judeu é submetido aos oito dias de idade à circuncisão, que é a retirada do prepúcio. Muitas vezes sem anestesia. Os médicos condenam essa prática, recomendada em raros casos. Em alguns países islâmicos, meninas a partir dos doze anos sofrem com a excisão dos órgãos genitais. Os lábios maiores são costurados para garantir a virgindade até o casamento ou têm o clitóris cortado, para que elas não venham a sentir prazer. O Alcorão não autoriza essa prática, mas pede que a mulher fique virgem até o casamento. Os religiosos se aproveitaram dessa recomendação, e inseriram esse costume tribal na sua cultura, pois viram nele um ótimo apoio para impedir as moças de terem relações antes de casar.
Segundo, as mulheres. Na cultura judaico-cristã, o controle de natalidade é proibido. Apenas o método da tabelinha é aprovado. Casais de classes mais humildes geram mais filhos do que poderiam sustentar, não porque desconhecem os métodos contraceptivos. Muitas vezes não têm acesso a eles, pois em muitas cidades, sobretudo do interior, os prefeitos evitam problemas com os sacerdotes e não distribuem para o povo as camisinhas e as pílulas. No Islã também é proibido o uso de contraceptivos. A saúde da mulher e seu desejo de ter menos filhos não são respeitados. Nessa cultura, em muitos países, ela não pode casar com quem ama, mas com o homem que os pais escolherem. Não pode sair à rua sem a presença de uma figura masculina ao lado, nem que seja um menino de cinco anos. Às vezes, é proibida de trabalhar e estudar, pois sua missão é casar bem cedo e gerar o maior número de filhos possíveis, de preferência meninos. O marido pode bater na esposa, com aval do Alcorão. E ele pode ter até quatro mulheres. As notícias mostram que elas são castigadas por andar sem o véu, ou mortas quando acusadas de adultério.
Terceiro, os homossexuais. Por causa de uma passagem bíblica, que pede a morte de homem que dormir com outro homem como se fosse mulher, a Igreja até hoje causa dor e constrangimento nas pessoas que seguem essa orientação sexual. Esse sentimento homofóbico acaba por ser internalizado na maioria das pessoas, mesmo as que não conhecem Levítico 20,13. Por conta disso, a cada dois dias no Brasil, um homossexual é morto por motivos de preconceito.
Cabem na lista dessas vítimas ainda os cientistas, que são prejudicados em suas pesquisas com células-tronco embrionárias; ateus e agnósticos, que são vistos com desconfiança pela falta de crença; os casais católicos que não têm permissão para se divorciarem; os filhos mortos porque os pais não permitiram a transfusão de sangue; os rapazes - futuros homens-bomba-, que vão tirar a vida de si mesmo e de inocentes, pois creem que serão recebidos por 72 virgens no céu; os dalit na Índia; etc. e etc.
As pessoas que defendem esses pensamentos e ações, dizem que tudo foi aprovado por Deus num livro chamado “sagrado”. Não foi. Deus nunca orientou escribas e sacerdotes do passado a escrever livros. Os maiores filósofos, arqueólogos, historiadores e cientistas desde o século 18, têm afirmado e provado que tais livros são produtos da mentalidade do povo que os escreveram, com suas ideologias, superstições e crendices. Usaram o nome de Deus para dar maior credibilidade àquelas ideias.
Essa notícia deve ser divulgada à exaustão, para que as pessoas parem de humilhar os outros, fazer guerras, causar mortes e sofrimento em nome de Deus. Quanto mais pessoas conhecerem a história das religiões, como e por que foram criadas, mais aptas estarão para definir elas mesmas seu caminho, e assim, preparar um mundo melhor para se viver.
Mas, afinal, Deus existe ou não?
ResponderExcluirCaro Inácio, não sei. Mas os mais de três mil deuses conhecidos, são invenções humanas. Eis uma pequena lista: Antes do cristianismo: Shamash, Osíris, Zeus, Enlil, Marduc, Shiva, Gabesha, Javé (ou Jeová); pós cristianismo: Jesus (que existiu mas foi endeusado depois por seus discípulos, como o faziam os romanos com seus líderes) e Alá.
ResponderExcluirdesculpa, é Ganesha e não GaBesha
ResponderExcluirEu prefiro acreditar que abaixo dessa enorme diversidade haja uma divindade, imarcescível, intangível.
ResponderExcluirAs religiões seriam o fruto imperfeito da busca humana por essa divindade. Por serem criações humanas acabariam gerando distorções que tanta dor e destruição trouxeram.
Então Inácio, pra mim Deus existe. Eu só não sei quem é ele, nem o que de mim deseja. Se é que alguma coisa deseja...
Tiago, embora eu seja agnóstico - não tenho a certeza do ateu nem a do teísta - incentivo minha filha de 3 anos a rezar para o Anjinho da Guarda na hora de dormir. A oração tem mtos bons atributos, um deles, acalmar, confortar, dar paz. A fé num ser criador, transcendente, tb é importante, ja tive essa fé. Mas li demais e hoje to na dúvida.
ResponderExcluirEu andei desenvolvendo essa dúvida também. Descreio muito da roupagem que o divino recebeu da humanidade, mas ainda creio que Ele exista.
ResponderExcluirCom certeza a Religião é cheia de equívocos, negrores, deturpações, uma vez criação humana e é confundida à exaustão, com Fé. Uma coisa nada tem a ver com a outra e Deus pode ter 6 bilhões de nomes, já que é mais ou menos o número de humanos neste planeta e sendo Ele também, quando com forma, uma criação humana.
ResponderExcluirO inquestionável é que tudo que nos cerca, o Universo, tem um poder criativo incomensurável, capaz de criar mundos, sóis, vida e aqui terminam os questionamentos sobre perguntas irrespondíveis.
Não impor religião = ponto positivo
Impedir a fé = ponto negativo
E voltamos à dicotomia que nos constrói.
Fazer o melhor possível, ter fé na energia que, indubitavelmente está em tudo e dar liberdade de escolha. Que cada um tenha o deus que lhe convier de acordo com sua consciência e tamanho, já seria espetacular. Afinal, "há muitas moradas na casa de meu Pai".
Pelo que tenho lido, e mesmo observado a minha volta, provavelmente a crença em Deus nunca deixará de existir, mesmo daqui ha 10 mil anos, caso cheguemos até lá. (ela traz mtas vantagens, consolo, e esperança de uma vida melhor, aqui e além túmulo por ex.); mas o número de pessoas que segue uma religião, certamente vai cair, como já acontece em alguns países da Europa. Muitos continuam a crer em Deus, mas sem pertencer a alguma doutrina. Outros, engrossam as fileiras do ateísmo e agnosticismo. Dois principais motivos: desilusão com o clero e nível de estudo mais elevado. Minha grande dúvida: o islamismo vai mesmo dominar o mundo daqui uns 50 anos e impor a sharia para todos ou o Islã também será invadido pela onda do Iluminismo tal qual na Europa do séc. 18?
ResponderExcluirCharles Kiefer, grande escritor gaúcho com quem fiz oficina literária, é apaixonado por Nostradamus. O lê desde os 14 anos e, quando nos revelou isso, já lia em francês arcaico. Ufa! Segundo ele (não sei a validade disso apesar das evidências já acontecidas), uma grande guerra virá do Oriente Islâmico.
ResponderExcluirTalvez daí venha o embate cristianismo x islamismo.
A única coisa que podemos fazer é torcer pelo menos louco.
Quanto à existência de Deus, seja que compreensão tenhamos, jamais morrerá. O bicho homem (comprovado) possui no cérebro uma região da fé, entendo que já esteja dentro de nossa formação física uma necessidade, ou realidade que nos remete a uma Energia Suprema que buscaremos enquanto nossa espécie existir.
Abç
Vana, tenho esse temor tb, de que a doutrina do islã domine o mundo em breve. mtos especialistas dizem que em 2050, me parece, o islamismo terá mais adeptos que o cristianismo. já imaginou: meninas sendo mutiladas em seus órgaos genitais, mulheres apedrejadas, adeus sexo com prazer, biquinis e praia, adeus alegria pela vida. adeus liberdade de expressão e direitos humanos. o que me dá esperança, é que surgem alguns pensadores islâmicos que tentam reformar o islã, para que a sharia abandone as leis atrozes. uma pequena parte da população muçulmana - mais esclarecida - não concorda com a teocracia enfiada goela abaixo e clama para que o islã adote a democracia do ocidente. esperar pra ver.
ResponderExcluirNão há dúvidas de que a CIÊNCIA, a INFORMAÇÃO, e a MUDANÇA são os demolidores das mitologias religiosas. Pois apesar da promessa de uma recompensa após a morte incentivar os ignorantes, os sofridos, ou os que têm uma vida cheia de privações, se agarrarem em alguma crença religiosa; a Fé religiosa não é uma virtude, mas sim, uma ingenuidade, onde o conhecimento se restringe a um único livro sagrado...
ResponderExcluirNão há como impedir que o conhecimento se alastre pelo planeta, erodindo as mitologias medievais, que têm prejudicado a Evolução do Homem rumo a um futuro onde seremos o Universo se tornando consciente, e decidindo o destino da sua própria espécie, pois estamos caminhando para a CONSCIÊNCIA de como as coisas funcionam, e não serão “livros “sagrados” eivados de quimeras, de delírios, de fantasias, cheio de erros crassos, sem Lógica, ou sem Bom Senso, que deterão a ciência do futuro.
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